Alguns alertas para os jovens advogados

Bom, pra começar, por óbvio não sou um "guru" no assunto. Não sou dona de grande escritório - ao contrário, sou dona de um escritório que não tem secretária nem estagiário, tudo é feito pessoalmente - como já relatei aqui.

Contudo, venho sendo constantemente questionada por meus amigos sobre como dar o primeiro passo na advocacia. Por óbvio, e até clichê, o primeiro passo é ter coragem. Mas, passado isso, temos que atentar para alguns detalhes: alguns clientes surgirão para você - talvez amigos, talvez família. Esses clientes poderão indicar outros. Mas, no início, isso não é suficiente. Nenhum escritório sobrevive de poucas ações "pessoas físicas" ao mês. Não adianta sentar e esperar acontecer para você - pode até dar certo para alguns, mas acredito que seja para a minoria. Já dizia alguém: "o mundo pertence aos que se arriscam". Então, comece projetando sua imagem. Li isso em um livro e aplico todos os dias da minha vida: qual a imagem que você quer passar? Apesar de a advocacia ser intrinsecamente ligada à sua imagem, não basta aparentar. Quem você quer ser? Quer ser um profissional que faz todas as matérias (e sabe um pouco de cada)? Ou quer ser o que é especialista? Eu, particularmente, adoro advogar na maioria dos assuntos, mas não posso me dar o luxo de não saber elas a fundo - por isso, tenho uma pós graduação concluída (mas que ainda não recebi o certificado), e duas em curso. E pretendo fazer pelo menos mais 02 no próximo ano - de forma que minha expectativa é que no final de 2016 eu tenha 05 pós graduações concluídas ou em vias de conclusão. Isso custa caro: custa dinheiro mas, mais caro ainda, custa minhas sextas à noite, sábados e domingos.

O cliente precisa conhecer você, e você precisa ter valor. Isso não significa cobrar honorários altos - eles podem ser condizentes com o mercado. Mas, para o cliente te conhecer, você precisa fazer os contatos certos. Postar no facebook ajuda? Ajuda, sim. Mas não acredito que seja o decisivo. Um site do escritório já torna a coisa bem mais profissional. Cuidado só com o que pública no site: não interessa apenas manchete de jornais, isso está disponível em sites de notícias. Também não é coerente gastar sua energia escrevendo artigos de pouca utilidade prática - cujo direito é praticamente impossível de ser conseguido, por exemplo. Você não estaria sendo verdadeiro com seu cliente quando pública, na qualidade de profissional do direito, manchetes que indicaria determinado direito como praticamente certo quando, na verdade, você sabe que não é fácil, e é penoso, desgastante e, muitas vezes, traz mais ônus que bônus. Nós temos responsabilidade com o que publicamos, e responsabilidade também com o cliente que nos contrata. Temos que alertar para os riscos da demanda, falar sobre os efeitos financeiros no caso de uma improcedência, como os honorários sucumbenciais. Falar sobre as custas judiciais. Uma ação envolve riscos - e estes riscos são do cliente, desde que ele tenha sido alertado pelo profissional.

Também não acredito ser de grande utilidade abrir um escritório, colocar a placa na porta e sentar lá e esperar alguém passar. A relação cliente - advogado é relação de fidúcia. Quase ninguém entra em um escritório porque passou na porta. Ele precisa te conhecer por alguma razão.

Um conselho que vale para qualquer aspecto da vida: tente ser agradável e bondoso. Isso sai de graça. Pode te render algumas parcerias ou novos clientes. Mas isso não é o mais importante: seja educado inclusive com a parte adversa e com o seu advogado, pois este também está, assim como você, desempenhando suas atribuições. Quantas vezes vivenciei cenas de advogados mal educados ou grosseiros com o patrono da parte adversa? Repugno totalmente essa conduta, afinal, somos todos colegas de profissão defendendo o direito de quem acreditamos. Um pouco de cortesia não mata ninguém..

No mais, acredito plenamente que o trabalho árduo e preparado terminam por recompensar o profissional. E vamos em frente. A advocacia compensa!